segunda-feira, 2 de abril de 2018

Tirana...a capital fervorosa da Albânia

19.02.2018

Com pouco tempo para explorar a cidade decidimos fazer uma "free walking tour". Revelou-se uma decisão acertada: todas as manhãs com ponto de encontro marcado às 10h na praça em frente à casa da ópera, o guia é um voluntário local que nos leva a pé pela cidade, enquanto explica sobre a história do país  e vai partilhando também um pouco da sua estória pessoal, que estão naturalmente ligadas. A verdade é que ficámos a saber muito mais do que se passeássemos sozinhos por ali. À semelhança do que acontece neste modelo de "tours" noutros locais da Europa, as visitas não são pagas mas é justo dar-se no final um valor que pode ser à medida na nossa carteira, como forma de agradecimento.

Praça central de Tirana, à noite, com vista para o Museu de História Nacional e respectiva iconografia do período comunista

Factos interessantes sobre a Albânia:

- Existem como povo há mais de 4000 anos (os Ilirios) mas têm uma história rica em invasões estrangeiras. Esta zona dos Balcãs corresponde historicamente à fronteira entre o império de Roma e o Otomano. Por isso e tendo apenas em conta apenas as principais forças ocupantes (e que deixaram marca na história da Albânia..), primeiro instalaram-se romanos, depois os turcos (império Otomano) e durante a segunda guerra mundial foram ocupados pelos italianos e de seguida muito brevemente pelos alemães. Como um pouco por toda a história europeia, uma das principais forças opositoras aos colonizadores durante a II Guerra Mundial foi o Partido Comunista da Albânia, liderado por Enver Hoxha. Não existiu só esta frente anti-fascista, mas o final da luta pela libertação da Albânia deu o poder ao Partido Comunista. A política de Enver Hoxha levou a Albânia progressivamente ao isolamento total do resto do mundo, inclusivamente das grandes potências comunistas da altura, a Rússia e a China.

 - Os poucos turistas que visitavam a Albânia nos anos 80/90 tinham de pedir autorizações especiais e eram fortemente vigiados pela policia secreta enquanto se encontravam no país.
 - A população era mantida sob um intenso programa de propaganda e acreditavam mesmo que eram a "maior nação do mundo" (onde é que temos ouvido este conceito, recentemente..!?). Dizia Enver Hoxha, que "o que se sofria no país não era nada em comparação com o que se vivia nos outros países, que estavam muito mas muito piores que a Albânia". Completamente isolados do mundo, não havia forma de se conseguirem comparar com os "outros".

- Não conheciam produtos de "fora"...até o regime cair, nunca tinham provado uma coca-cola ou sequer visto uma banana. Não havia escolha nas roupas que vestiam, nos sapatos que calçavam ou no mobiliário que tinham em casa. Tudo era igual para todos e fornecido pelo estado.

- A população vigiava-se a si própria, em que o programa de propaganda fazia os albaneses acreditar que quem saía da "norma" devia ser denunciado à polícia.

- Até 1991 não era possível aos particulares possuírem carros...o que justifica o mal que conduzem!

- Também até 1991, os Albaneses não podiam viajar para o estrangeiro. As fronteiras eram guardadas por soldados armados e cães, e os que tentavam atravessar pelo arame farpado, era mortos a tiro pelas costas sem dó nem piedade.

- Depois da queda do muro de Berlim, tal como nos restantes países comunistas à volta, o regime cai e só depois de 1992 os albaneses começam a ter liberdade para escolher o que queriam comprar, incluindo produtos que vinham de fora da Albânia.

- Diz o guia, que a partir de 1992, havia latas de refrigerantes coloridas nos muros cinzentos das casas, como sinal de modernidade...

Agora...entendemos os prédios coloridos espalhados pela cidade! Tirana moderna é de facto excitante. Há um clima de entusiasmo generalizado, numa capital cheia de jovens e com cafés a abarrotar.

Um exemplo das cores nos prédios de Tirana
Os cafés cheios de gente nova
A estética das mulheres albanesas mostra como este país não vive mais o cinzentismo do regime comunista
- Sobre religião, diz-nos também o nosso guia, que independentemente do que dizem os sites de turismo sobre Albânia ou o Lonely Planet (o nosso diz que a Albânia tem 70% muçulmanos, 20% ortodoxos e 10% católicos), ali se discute politica mas não religião. Regra geral, os albaneses não são um povo religioso (o que penso ter a ver com o regime comunista que a certa altura proíbe toda a forma de culto religioso com perseguição a quem não cumpre) embora haja um recente financiamento por parte da Turquia para a construção da maior mesquita albanesa...

- O actual primeiro ministro albânes é artista plástico e isso nota-se por toda a cidade. Há instalações artísticas por todos os lugares inesperados a serem descobertos...

O que sentimos sobre Tirana? Que é um lugar que definitivamente vale a pena explorar. E ainda nos atrevemos a dizer: "deixem-se de coisas e atrevam-se a vir descobrir Tirana!

  




By Silvia (e Pedro)  

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